A culpa no processo de luto
Todas as perdas são vivenciadas de forma distinta pelo ser humano, o que potencia que cada processo de luto seja único. Não obstante, nos cenários de crime (por exemplo, homicídio) ou de suicídio em que a DEATHCLEAN atua, existe um elemento comum aos processos de luto gerados por estas mortes, designadamente a culpa.
Ao longo dos anos, a investigação tem vindo a identificar quatro tipos de culpa, nomeadamente:
- Culpa de Causalidade: ocorre quando, ao explorar as causas para a morte da pessoa perdida, a pessoa em luto acredita que causou ou contribuiu para a mesma. Por exemplo, um pai acreditar que, ao dar permissão ao filho para sair à noite, tornou-se o responsável por este ter sido vítima mortal de um assalto.
- Culpa Cultural: surge na sequência de pensamentos como “eu deveria”. Por exemplo, uma esposa considerar que deveria ter antecipado os planos de suicídio do companheiro, evitando a sua morte.
- Culpa Moral: predomina em pessoas com fortes convicções religiosas e tende a ser despoletada pela existência de crenças que interpretam a morte de terceiros como um castigo pelos pecados da pessoa em luto. Por exemplo, uma pessoa considerar que perdeu o(a) companheiro(a) como castigo por ter decidido coabitar, em detrimento de ter um casamento religioso com o mesmo.
- Culpa de Sobrevivente: como o nome aponta, esta surge em contextos como acidentes, em que uma das pessoas morre e a outra sobrevive. Por exemplo, num acidente de viação, sobreviver o avô e falecerem os filhos e netos do mesmo.
Ao longo do processo de luto, particularmente no contexto de mortes violentas como as referidas anteriormente (homicídio e suicídio), tende ainda a surgir a culpa de recuperação, isto é, uma sensação de mal-estar e sentimentos de culpa aquando da vivência de momentos de plenitude. Tome-se como exemplo uma mãe em luto que, aquando de momentos de brincadeira e felicidade com os filhos presentes, é imediatamente invadida por uma enorme sensação de culpa por sentir que está, de alguma forma, a desrespeitar a memória do filho perdido.
Em suma, os pensamentos irracionais de responsabilização pela perda são originados pelo sofrimento e comuns ao longo de todo o processo de luto. Contudo, em terapia, é possível desconstruir a culpa e encontrar novos significados para a experiência da perda. Peça ajuda, não se encontra sozinho(a).
AUTORES: Os psicólogos Sofia Gabriel e Mauro Paulino da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, a qual disponibiliza nos seus serviços consulta especializada de apoio ao luto.
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