Acumulação de animais: o extremo da degradação e da negligência (do próprio e dos animais)
A Perturbação de Acumulação, enquanto patologia clínica, é caracterizada pela acumulação excessiva e descontrolada de objetos, a qual é prejudicial para o bem-estar e funcionamento da pessoa acumuladora e da sua família.
No âmbito desta patologia, surge a acumulação de animais, uma variante designada por Síndrome de Noé. Esta é definida como a acumulação de um número desmedido de animais de companhia, como por exemplo cães e/ou gatos, que vivem em condições de extrema degradação, negligência e desumanidade.
É imperativo distinguir a Síndrome de Noé, a qual é uma doença do foro mental, da acumulação de animais para venda ilícita, dado que este tipo de acumulação envolve uma motivação financeira e as pessoas que cometem este crime possuem total consciência dos atos de maus-tratos deliberadamente cometidos.
Por oposição, na Síndrome de Noé, a acumulação é motivada aparentemente pelo desejo de salvar o animal de uma possível morte (por exemplo, o abate no canil ou atropelamento na rua), vida dolorosa (por exemplo, viver num canil ou na rua) ou de viver com tutores irresponsáveis (por exemplo, são comuns pensamentos como “eu sou a melhor pessoa para cuidar deste cão”).
Apesar das intenções referidas, a acumulação compulsiva e descontrolada de animais potencia que o acumulador seja totalmente incapaz de cuidar de todos os animais que salva e, inevitavelmente, é criado um ambiente de extrema negligência (por exemplo, animais desnutridos, vítimas de maus-tratos, cruzamentos entre pais e filhos que originam graves problemas de saúde e deficiências) e degradação (por exemplo, animais mortos, parasitas, sujidade). Em poucas palavras, ainda que o objetivo inicial fosse cuidar e salvar animais, o resultado é exatamente o oposto, originando locais em que a atuação da DEATHCLEAN é necessária e que são um claro perigo para a saúde pública.
No âmbito das Perturbações de Acumulação, esta tende a ser a mais resistente ao envolvimento em terapia, dada a ausência de capacidade em reconhecer, pelo acumulador, que o comportamento é prejudicial ao bem-estar dos animais.
É fundamental recorrer a ajuda psicológica com a maior brevidade possível. Se identifica sinais desta patologia num familiar, peça ajuda. É imperativo que a pessoa receba ajuda psicológica. Também os fiéis amigos de quatro patas, vítimas de atos de uma imensa crueldade, merecem ser resgatados e encontrar um lar.
AUTORES: Os psicólogos Sofia Gabriel e Mauro Paulino da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, a qual disponibiliza nos seus serviços consulta especializada de apoio ao luto.
Mauro Paulino – Psicólogo Clínico e Forense
Coordenador da Mind | Psicologia Clínica e Forense
Sofia Gabriel – Psicóloga Clínica
Mind | Psicologia Clínica e Forense
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PALAVRAS-CHAVE: Deathclean; Acumulação; Animais; Síndrome de Noé; MIND; Psicologia; Forense; Clínica; Perigo, Mauro Paulino; Sofia Gabriel