O Perfecionismo e a Desorganização Crónica (Por Vanessa Tagliari)

Conforme já abordámos em artigos anteriores, a desorganização crónica é uma condição de desordem persistente que afeta a vida da pessoa e dos demais que vivem à sua volta. Podendo ou não vir acompanhada de acumulação, as principais características da Desorganização Crónica são:

  1.  A desordem que persiste por um longo período de tempo;
  2. As várias tentativas frustradas de se organizar sozinho;
  3. A forma como frequentemente afeta de forma negativa a qualidade de vida do individuo.

Dito isto, é preciso compreender que são diversas as causas que levam à desorganização crónica. Por isso, uma avaliação prévia e sem pré-julgamentos antes de iniciar qualquer tipo de intervenção é de extrema necessidade e importância.

Um dos fatores associados a desorganização crónica é o perfecionismo. Sim, parece contraditório, mas a busca pela perfeição pode causar uma desorganização prolongada na vida das pessoas.

Existe um ditado popular que diz: “feito é melhor que perfeito”. Porém para o perfeccionista, essa frase não possui sentido algum já que, para ele, a busca incansável pela perfeição é mais importante que o resultado em si.

Ao direcionar o seu foco para a perfeição, perde o contacto com a realidade do dia a dia, mesmo sendo natural e inevitável que imprevistos aconteçam. Tentando controlar todos os detalhes acerca de tudo, o indivíduo perfecionista sente-se extremamente insatisfeito com os resultados alcançados e também com as outras pessoas que, na visão dele, não colaboram para o alcance da perfeição de que ele necessita.

Em muitos casos, o perfecionista foca-se tanto no planeamento do processo de organização que acaba por se perder no próprio plano e não consegue colocá-lo em prática. Então, por medo de errar, paralisa e acaba desistindo de realizar qualquer organização.

Outro comportamento comum ao perfeccionista é a compra excessiva de produtos organizadores e afins. Na maioria das vezes, esta situação gera frustração, pois a pessoa acaba por adquirir diversos itens aleatórios que poderão ser inúteis ou incompatíveis com os espaços que possui. Além, é claro, das compras de itens que já possuía, mas esqueceu ou não encontrou no momento da utilização.

Por fim, o perfeccionista também pode gastar mais tempo que o necessário para realizar as mais simples tarefas, justamente por investir todo seu esforço na tentativa de atingir a perfeição e não de realizar as atividades.

O facto é que, dependendo do contexto, a “perfeição” é fundamental para o ato de acabar alguma coisa com maestria ou aperfeiçoar algo que já foi iniciado. A grande questão, é quando este comportamento impede o indivíduo de conseguir organizar-se e de finalizar as suas atividades.

Feito é melhor que perfeito apenas quer dizer que iniciar algo e terminar é melhor do que não fazer nada na esperança de ter as condições perfeitas, que podem nunca chegar.

Autora: Vanessa Tagliari – Organizadora de Espaço.

Vanessa TagliariOrganizadora profissional desde 2016, com certificação profissional comprovada e onde atualmente se encontra a especializar na resolução de problemas de desorganização crónica e acumulação excessiva.
A Vanessa, ajuda as pessoas a encontrarem a organização dentro de si através da organização dos espaços físicos. Saibam mais sobre o trabalho da Vanessa Tagliari em: Vanessa Tagliari – Organizadora Profissional

Contacto: vanessatagliariorganizadora@gmail.com ou +351 919 792 565

** Este artigo contou com a revisão e colaboração de: Adriana Schatz – Consultora em organização Joinville – SC Brasil (adriana@mapadaorganizacao.com.br).

 

PALAVRAS-CHAVE: Acumulação compulsiva; Hoarder; Hoarding; Deathclean; Organização; Organizadora; Vanessa Tagliari; Distúrbio; Lixo; Resíduos; Limpeza; Tralhas; Objetos