Presente ou Tralha (Por Vanessa Tagliari)
Com a chegada das festas de fim de ano, chega também o momento de fazer compras: seja para si próprio ou para presentear pessoas queridas. Porém, quando o assunto são as compras, devemos fazer uma avaliação antes de escolher, justamente para que os novos itens não se tornem tralhas sem utilidade dentro das nossas casas ou nas casas das pessoas a quem os oferecemos.
Vamos falar primeiro sobre oferecer prendas a outras pessoas. Quando compramos algo para oferecer, colocamos todo o nosso afeto e amor na escolha do presente. Andamos de loja em loja (pessoalmente ou de forma online) em busca do presente ideal para cada pessoa a quem queremos agradar. Porém, frequentemente, esquecemo-nos de algo importante no momento de comprar, que é pensar sobre a compra em si mesma, se é realmente algo que será útil para aquela pessoa e se ela irá verdadeiramente gostar.
Quando compramos uma prenda para o outro, temos como base os nossos gostos e referências – principalmente se a oferta for para uma pessoa menos íntima. Então, compramos aquilo que NÓS achamos lindo e agradável, sem levar em conta os gostos e as necessidades de quem receberá.
Neste momento é que são geradas as “tralhas” dentro de casa, pois o outro, quando recebe algo de que não precisava de facto ou de que simplesmente não gosta, nem sequer chegará a usar e é bem provável que sua prenda vá parar ao fundo de uma gaveta. Mesmo assim, ela possivelmente irá manter esse item durante a vida para não desagradar a quem o ofereceu. Já tinha parado para pensar sobre isso?
O mesmo acontece com as coisas que compramos para nós mesmos: será que tudo o que compramos são de facto coisas úteis ou de que verdadeiramente gostamos? Quantas vezes compramos algo de que nem gostamos assim tanto somente por status, para “mostrar” que podemos ter, ou simplesmente para satisfazer nosso próprio ego?
Comprar por impulso e sem muito critério lógico é um dos fatores que mais contribuem para a desorganização e o acúmulo. E dentre os fatores associados à desorganização crónica está o comprar excessivo. Já na acumulação poderá estar presente a compulsão por compras – ou ONIOMANIA (o nome técnico) que é uma patologia sobre a qual falaremos posteriormente, noutro artigo.
Então como podemos fazer compras de forma mais consciente para nós e para os outros?
O ponto principal é levar em consideração a utilidade do item que estamos a comprar: seja para oferecer ou para nós mesmos.
Por isso, ao presentear outra pessoa, deve perguntar-lhe acerca dos seus gostos e necessidades. Assegure-se de que o seu presente realmente terá valor e utilidade e que não será uma “tralha” para ela. Presentes são oferecidos para demostrar às pessoas o quanto as amamos e consideramos, porém oferecer algo de que o outro não gosta ou não precisa pode ser extremamente frustrante para ambos. É como diz o ditado: “perguntar não ofende”, por isso, pergunte o que a pessoa está de facto a necessitar, que cores ela gosta mais e o que a deixaria feliz neste momento.
Ao fazer isto, terá a chance de oferecer algo memorável e que cumprirá na perfeição a função de um presente que é fazer você ser lembrado com carinho por quem o recebe.
Outra questão importante: devemos parar de “pressionar” as pessoas que recebem os presentes a utilizá-los ou obrigatoriamente guardá-los. Às vezes, mesmo com toda a sua dedicação, não vai acertar no presente e ESTÁ TUDO BEM! Deixar a pessoa livre para trocá-lo ou para doá-lo. Demonstra que você não quer gerar “tralhas” na casa dela, assim como não gostaria que gerassem na sua. Lembre-se sempre de que a parte mais importante do presente é a sensação de ter sido lembrado, mesmo que o presente não seja algo que lhe agrade.
O mesmo vale para si mesmo: antes de comprar avalie se a compra lhe trará alegria e satisfação. Reflita se o objeto da compra é algo de que verdadeiramente gosta e que trará alegria: gostar do modelo, da cor e da textura são aspetos que temos que levar em consideração no momento da compra.
Muitas vezes acabamos adquirindo algo que não gostamos assim tanto, somente para aproveitar os saldos ou para satisfazer o ego mostrando para os outros que podemos adquirir. E aí acabamos com a casa sobrelotada de itens que não tem nenhuma identificação connosco: essas são as “tralhas” sobre as quais falamos!
Procure e pesquise bem antes de validar a compra e tenha a certeza de que estará a adquirir algo que deixará a sua casa e a sua vida mais feliz! E o mesmo vale para as pessoas que amamos: presenteie de forma consciente e sem cobranças!
Boas Festas a todos!
Autora: Vanessa Tagliari – Organizadora de Espaço.
Organizadora profissional desde 2016, com certificação profissional comprovada e onde atualmente se encontra a especializar na resolução de problemas de desorganização crónica e acumulação excessiva.
A Vanessa, ajuda as pessoas a encontrarem a organização dentro de si através da organização dos espaços físicos. Saibam mais sobre o trabalho da Vanessa Tagliari em: Vanessa Tagliari – Organizadora Profissional
Contacto: vanessatagliariorganizadora@gmail.com ou +351 919 792 565
** Este artigo contou com a revisão e colaboração de: Adriana Schatz – Consultora em organização em Santa Catrina – SC Brasil (adriana@mapadaorganizacao.com.br).
PALAVRAS-CHAVE: Acumulação compulsiva; Hoarder; Hoarding; Deathclean; Organização; Organizadora; Vanessa Tagliari; Distúrbio; Lixo; Resíduos; Limpeza; Tralhas; Objetos; Lixo