DEATHCLEAN –  Questões mais Importantes sobre os Acumuladores Compulsivos (Parte I):

  1. O que é a acumulação compulsiva?

A perturbação da acumulação compulsiva (síndrome de Diógenes), é descrita tendo por base os seguintes pontos:

  • Recolha e acumulo excessivo de objetos variados, mesmo que inúteis e sem valor, para a grande maioria das pessoas;
  • Incapacidade ou grande dificuldade, angustia e indecisão ansiosa em se livrar dos bens acumulados;
  • Objetos colocados ao abandono no espaço, de forma desorganizada;
  • Condições de salubridade e higienização precárias por conta do acumulo excessivo de objetos;
  • Negação do problema, não permitem que ninguém arrume ou limpe a desordem;
  • A acumulação prejudica as atividades do dia-a-dia;
  • Apesar da vergonha, não conseguem controlar o impulso de adquirir mais bens;
  • Desvirtuam o espaço da casa da sua real finalidade a que se destina (cozinha para cozinhar, quarto para dormir, casa de banho para necessidades fisiológicas, etc.);
  • Negligência no autocuidado e na limpeza da habitação;
  • Os sintomas causam sofrimento significativo ou prejuízo em áreas sociais, ocupacionais ou outras importantes.
  1. Um acumulador é diferente de um colecionador?

Sim, são coisas diferentes:

  • Os acumuladores têm vergonha e não querem exibir os seus objetos e mantêm-nos desorganizados;
  • Mesmo que os colecionadores até sejam compulsivos na aquisição de objetos para a sua coleção, eles exibem orgulhosamente as suas coleções e tendem a organizar os objetos racionalmente, respeitando sensatamente o espaço, os valores e as possibilidades práticas da aquisição.
  1. Quais os sinais que identificam um acumulador compulsivo?
  • Grande apego e dificuldade em se livrar de objetos;
  • Qualquer espaço físico na sua vida pode conter acumulação (carro, garagem, habitação, etc.);
  • Perda de itens importantes como dinheiro ou documentos, à conta da acumulação;
  • Não permite a entrada de familiares, por vergonha;
  • Não permite a entrada de terceiros, por exemplo de técnicos de reparações;
  • Têm tendência à aquisição de objetos, que estão em promoção ou com um preço desejável;
  • Incapaz de não receber artigos gratuitos, por exemplo folhetos publicitários;
  • Sentimento de esmagamento pelo volume de objetos acumulados, que tomaram posse do espaço/habitação.
  1. Motivos que tornam difícil o descarte dos objetos acumulados?
  • Grande dificuldade em organizar os bens;
  • Sentimentos positivos e invulgarmente fortes (alegria, prazer, etc.) ao receber novos artigos:
  • Sentimentos negativos fortes (culpa, medo, raiva, etc.) ao pensar em livrar-se dos objetos;
  • Crenças muito fortes de que os objetos são valiosos ou úteis, mesmo quando outras pessoas não os querem e facilmente os consideram inúteis;
  • Sentir-se responsável pelos artigos, chegando até a pensar que objetos inanimados tem sentimentos;
  • Negação do problema, mesmo quando a desordem ou a aquisição interfere claramente no dia a dia da pessoa.
  1. Quando podemos detetar comportamentos de acumulação?

Os comportamentos que integram a perturbação da acumulação compulsiva podem começar logo na adolescência, embora a idade média que a pessoa procura ajuda/tratamento seja por volta dos 50 anos. geralmente começa de forma leve durante a adolescência e gradualmente piora com a idade, causando danos clinicamente significativos por volta dos 30 anos de idade.

Um número estimado de 2 a 6% das pessoas sofrem desta perturbação. É igualmente prevalente em homens, como em mulheres.

Quem sofre de síndrome de Diógenes, suporta esta luta por uma vida inteira. São pessoa muito solitárias, tendem sempre a viver sozinhas.

  1. A perturbação da acumulação compulsiva está relacionada com o transtorno obsessivo-compulsivo?

Há uma tendência em aceitar a hipótese de a perturbação da acumulação compulsiva ser uma síndrome separada do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), mas com alta comorbidade com ele e com outras patologias emocionais, como por exemplo, quadros fóbico-ansiosos e depressivos. Alguns autores perceberam que pacientes com acumulação compulsiva grave nem sempre satisfaziam os critérios de diagnósticos para o TOC.

Atualmente o transtorno de acumulação compulsiva está classificado isoladamente no DSM-5 (Classificação Norte-americana de Psiquiatria), como se tratasse de um distúrbio distinto do TOC, diferentemente do que se pensava antes.

  1. Qual a tipologia de objetos que o acumulador tem preferência?

Na maioria dos casos, as pessoas acumulam bens comuns, por exemplo papel, livros, jornais, vestuário e recipientes como caixas e sacos de papel.

Há casos, que por norma até se tornam mais graves, em que as pessoas acumulam lixo e comida, que com o passar do tempo decompõem-se e libertam odor, trazendo consigo insetos e pragas. A acumulação de animais domésticos, antes não era muito referenciada como um problema grave, mas dado que os casos têm vindo a aumentar ao longo dos anos, já se fala bastante sobre a síndrome de Noé como outra problemática associada à acumulação compulsiva.

São raros os casos em que as pessoas têm tendência a acumular bens valiosos, no entanto, existem casos de acumulação muito focados em uma só tipologia de resíduo, como por exemplo, acumulação de bens eletrónicos, acumulação de livros, etc.

  1. Quais os efeitos/perigos associados ao transtorno de acumulação?
  • A casa de um acumulador é uma ameaça à saúde e segurança das pessoas que vivem dentro ou perto do local, causando diversos problemas de saúde, danos estruturais, incêndio ou até mesmo a morte;
  • Pode originar em despejos, ficando o acumulador desalojado. Por ser um caso de saúde pública, estando o acumulador a prejudicar a saúde de terceiros, pode resultar numa ação judicial;
  • O não reconhecimento do problema, negando sempre ajuda, faz com que entre facilmente em conflito com familiares e amigos que se encontram frustrados e preocupados pelo estado em que o acumulador vive.

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