Rituais fúnebres: desafios associados a mortes traumáticas

O funeral é o momento em que existe um confronto direto e próximo com a veracidade e irreversibilidade da morte. A literatura da especialidade aponta que este momento facilita a aceitação da perda e a sua consequente integração da morte na narrativa de vida e identidade da pessoa em luto.

Enquanto ponto de partida para a recuperação, o funeral providencia uma oportunidade para as famílias em luto receberem apoio emocional e, paralelamente, facilita o contacto com a dor e consequente expressão emocional das mesmas.

Estritamente associado aos rituais fúnebres, encontra-se o contacto com o corpo da pessoa perdida. Não raras vezes, em situações em que a DEATHCLEAN atua, como suicídios, homicídios ou acidentes, o corpo da vítima encontra-se irreconhecível e, por sua vez, alguns familiares nunca chegam a ter contacto com o corpo.

Por sua vez, a impossibilidade de ver a pessoa ou existir um momento prévio de despedida e contacto, ainda que distante do corpo, facilita a sensação de descrença acerca da morte. Existe, portanto, o referido risco de ser originado um processo de luto semelhante ao que acontece com outras mortes em que o corpo não é encontrado – e nos quais predominam questões como “Eu não vi, será que a morte aconteceu?” ou “Seria mesmo o meu filho?”.

Por acréscimo, em mortes que envolvem algum estigma, como o suicídio, o suporte social é, na maioria das vezes, reduzido e acompanhado por um enorme medo de dialogar acerca da morte. Por conseguinte, o silêncio e distância dos outros perante o sofrimento da pessoa facilitam que esta sinta que está a viver um luto desautorizado, isto é, que não tem direito a chorar, a sofrer, a falar da morte ou da história com a pessoa perdida.

Em conclusão, a ausência de rituais fúnebres ditos tradicionais e a potencial ausência do momento de contacto com a irreversibilidade da perda proporcionado pelo funeral e pelo contacto com o corpo fomenta o risco de patologia, como por exemplo Depressão, Perturbação do Stress Pós-Traumático e um Luto Prolongado.

Com ajuda terapêutica especializada, é possível reduzir estes fatores de risco e facilitar a integração da perda na sua vida. Não se encontra sozinho(a), peça ajuda!

AUTORES: Os psicólogos Sofia Gabriel e Mauro Paulino da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, a qual disponibiliza nos seus serviços consulta especializada de apoio ao luto.

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PALAVRAS-CHAVE: Deathclean; Morte; Luto; Perda; MIND; Psicologia; Forense; Clínica; Mauro Paulino; Sofia Gabriel